Durante o ano de 2024, a chuva de veneno foi intensa no estado do Maranhão. Foram pelo menos 231 comunidades de 35 municípios vitimados pela pulverização aérea de agrotóxicos por avião e/ou drone.
Vídeo-denúncia postado no Instagram da RAMA no dia 25 de março
Ao longo do ano, A Rede de Agroecologia do Maranhão (RAMA) e a Federação dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Maranhão (FETAEMA), em colaboração com o Laboratório de Extensão, Pesquisa e Ensino de Geografia da Universidade Federal do Maranhão (LEPENG), tem realizado um levantamento cartográfico do uso indiscriminado de veneno em comunidades tradicionais no estado por parte do agronegócio, com atualização dos dados mês a mês.
Nesta última atualização, atualizamos também o formato de apresentação dos dados, que revelam que a chuva de veneno se estende por diversas regiões do estado.
Infelizmente os casos de pulverização aérea de agrotóxicos tem se tornado cada vez mais comuns, trazendo consigo uma série de prejuízos para as comunidades e para a natureza, como a contaminação das águas, envenenamento dos alimentos, perda de produção da agricultura familiar, além de adoecimento, tanto físico quanto psicológico.
O uso indiscriminado de agrotóxicos ameaça diretamente a conservação da sociobiodiversidade, afeta a saúde, a segurança alimentar e os modos de vida das comunidades tradicionais, além de causar riscos à vida e à permanência das comunidades em seus territórios. Relatos de moradores(as) de comunidades afetadas apontam que o veneno é despejado em cima de moradias, áreas de roça e até contra pessoas, o que corrobora com o entendimento de que os agrotóxicos estão sendo utilizados como arma química, no intuito de expulsar as comunidades de seus territórios.
Estamos diante de uma verdadeira guerra química contra as comunidades tradicionais. Além de promover a grilagem de terras e o desmatamento de ecossistemas vitais como o Cerrado, a Amazônia maranhense e a Mata dos Cocais, essa guerra busca amedrontar as comunidades, tentando forçá-las a abandonar suas terras para o avanço do agronegócio.
O mapa destaca as 231 comunidades de 35 municípios vitimados pela pulverização aérea de agrotóxicos no Maranhão no ano de 2024:
Fortuna (Comunidades tradicionais São Bento, Patrimônio, Centro do Canuto, Assentamento Santa Cruz);
Governador Eugênio Barros (Comunidades tradicionais Cipó, Baixo da Palmeira, São Dominguinho e Nazaré);
Timbiras (Comunidades tradicionais São José, Baixa Nova, Morada Nova, Buriti, Capinal, Santa Vitória, Passa Mal, Marésia, Canafístula, Manoel dos Santos, Parazin, Lagoa do Serafim, Povoados Pastorinha, Baixinha, Baixa Grande);
Pedro do Rosário (Sede Municipal, PA 4 de Maio);
Buriti (Comunidade Tradicional São Félix, Santa Cruz, São José, Pitombeira);
São Benedito do Rio Preto (Comunidades tradicionais Piçarra, Baixão dos Rocha, Santa Izabel, Boião, Assentamento Bacuri, Quilombo Guarimã);
Peritoró (Comunidades tradicionais Feliz Lembrança, Queixada, Km 29, Alto Seco, Bacuri, Loteamento da Rodoviária, Santa Rita);
Parnarama (Quilombo Cocalinho e Quilombo Guerreiro)
Brejo (Comunidades Tabocas, Macacos dos Faveiras, Gameleira, Macacos dos Vítos, Lagoa Seca, Veado Branco, Panela, Prata, Centro dos Netos, Ingá, Guarimã, Carrapatinho, Várzea do Meio, São José, Criolis, Boca da Mata, Vila das Almas, Faveira, São Raimundo);
São Luiz Gonzaga (Comunidades Queiroz, Cazuza, Centro dos Peregrinos);
Buriticupu (Vila União Portugal, Vila Concórdia);
Governador Nunes Freire (Comunidade CR Almeida);
Lago Verde (Povoado Santa Luzia);
Balsas (Comunidades Boa Esperança, Bela Vista, Estiva II, Cajueiro dos Macedo, São Benedito, Vila Cardoso, PA. São José);
São Mateus (Assentamento Boi Baiano, Comunidades Tradicionais Bocaina, São Raimundo, Monte Alegre, Juçareira, Alto Grande, Gleba Jutirana, Centro do Honorato, Centro do Coroatizinho, Lago Verde, PA Monte Alegre, Jetirana, Benu Lago, Água branca 2, São Benedito da Água Preta, Alto da Vitória);
Matões (Quilombo Tanque da Rodagem e Quilombo São João);
Caxias (Assentamento Caxirimbu, Assentamento São Pedro da Boa Vista);
Esperantinópolis (Comunidade Laranjal);
Santa Inês (Comunidade Boa Visitinha);
Santa Luzia (Comunidade Boa Esperança, Comunidade Cacique, Vila do Incra);
Açailândia (Assentamentos Santa Clara, João do Vale, Novo Oriente, Planalto 1, Planalto 2, Francisco Romão, Agro Planalto, PA Califórnia, Agrovila Conquista da Lagoa, Novo Bacabal);
Mata Roma (Comunidade Santa Elvira);
Santa Quitéria (Comunidades Pau Serrado, Coceira, Baixão da Coceira, Rio Grande dos Lopes, Rio Grande dos Gonçalves, Caraíbas, Boa Hora, Taboca, Santa Maria, São José, Caruaras, Passagem Funda, Mata dos Fernandes, Mato Aberto, Cabeceira do Rio, Cabeceira da Tabatinga, Buriti Seco, Angelim, Onça, Bacabal, Vila Nova, Salvação, Bacuri II, Barra da Onça);
Colinas (Quilombo Peixes);
Chapadinha (Comunidades Tradicionais Lagoa Amarela, Tutanguira, Lagoa do Meio, Laranjeiras, Porções, Deserto, Cocal, Gavião, Escondido, Feijão, Santa Rita, São Fernandes, Bom Fim, Chapadão, Pitombeira 01, Pitombeira 02, Riachão, Oiteiro, Bacuri do Moises, Conceição, Bom Principio, São Miguel, Bacabal, Bacabal dos Tiberos, Caldeirão, Buritizeiro, Santa Fé, Boa Hora, Araçar, Veredão, Riacho Feio, São José, Sangue, Buritizinho, Poço da Pedra, Centro dos Messias, Bom Jesus, Vargem do Forno, Caraíbas, Mangueira, Macajuba, Cipó, Chico Dias, Buriti dos Boi, Guarimã, Leite, Vila Nova, Cruzilandia, Vila Betania, Rumo, Prata dos Quirinos);
Lago da Pedra (Comunidade Nova Unha de Gato, Três Lagos, Povoado dos Pereira, Centro dos Piaus, Sindô, Centro Novo, Centro dos Batistas e Centro dos Pedreiras);
Loreto (Comunidades Agrovila, Buritirana, Sítio, Mato Grosso, Ribeira, Pedrinhas)
Riachão (Comunidade Progresso, PA Vida Nova);
São Raimundo das Mangabeiras (PE Nova descoberta);
Bacabal (Quilombo Catucá);
Codó (Comunidades Três irmãos, Queimadas, Montabarro);
Itaipava do Grajaú (TI Geralda Toco Preto);
Matões do Norte (Quilombo Lago do Coco);
São Domingos do Maranhão (Lagoinha, Pucumã);
Barra do Corda (T.I. Canabrava);
Matões do Norte (Quilombo Lago do Coco, Cachoeirinha, Três Irmãos, Colônia, Xupé, Yrical, Jatobá, Copaíba, Arroz, Angico, Beira-rio, Sapucaia do Mearim, Zahy, Baixão do Peixe, Mundial, Lagoa do Rio Corda, Macaúba).
É importante ressaltar que há subnotificações de casos, devido às represálias e ameaças que muitas comunidades vivem em seus territórios. Por outro lado, há a urgência de que se estabeleçam os protocolos que deem conta de produzir dados reais sobre a situação dos agrotóxicos no Maranhão.
Este mapa representa uma fotografia instantânea da situação atual, mas é dinâmico e está sujeito a mudanças conforme novas denúncias são recebidas. Sua atualização contínua é fundamental para acompanhar a evolução do problema dos agrotóxicos no Maranhão e, orientar ações de intervenção e apoio às comunidades afetadas.
Nossa missão é enfrentar esse desafio de forma coletiva e incansável, protegendo nossas comunidades, preservando nossa biodiversidade e promovendo um modelo agrícola sustentável e justo para todos. Junte-se a nós nessa luta!
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