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Setembro de 2025: Drone noturno ataca comunidade em Timbiras – 104 comunidades impactadas no ano

Pulverizações por drones fantasmas seguem envenenando os territórios tradicionais, afetando a saúde das comunidades e a agricultura familiar. O destaque do mês vai para Timbiras, onde a comunidade Santa Vitória foi alvo de um ataque noturno com drone, descumprindo a lei municipal.


O avanço do agronegócio segue deixando um rastro de contaminação e violência no Maranhão. Em setembro de 2025, a comunidade Santa Vitória, no município de Timbiras, foi atingida por agrotóxicos pulverizados por um drone fantasma durante o período noturno, em um ataque que se estendeu por várias horas. O veneno não respeita cercas nem limites: a deriva leva os agrotóxicos para além do alvo, atingindo casas, plantações, nascentes, pessoas e modos de vida.


Conforme levantamento da Rede de Agroecologia do Maranhão (RAMA), FETAEMA e LEPENG/UFMA, o acumulado do ano chega a 104 comunidades impactadas em 27 municípios maranhenses. É um retrato grave da escalada de um modelo que promove envenenamento em larga escala, violando direitos e destruindo o que resta da sociobiodiversidade do estado.



Violação da lei e padrão de ataques


O município de Timbiras segue como um epicentro de violações, onde os ataques ocorrem mesmo com a existência de uma lei municipal que proíbe a pulverização aérea de agrotóxicos por aviões e drones. A aplicação foi realizada pela Fazenda Campestre, o que demonstra o descumprimento flagrante da legislação local e a fragilidade da fiscalização, além da omissão do Estado diante das denúncias recorrentes feitas pelas comunidades.


Este caso evidencia um padrão de violação que se repete no estado, onde drones têm sido uma ferramenta recorrente de contaminação e intimidação.


Impactos devastadores e históricos

Os impactos desses ataques químicos são profundos e seguem um padrão já conhecido na região. Em 2024, o Território Campestre, que inclui Santa Vitória, já havia sofrido severamente com pulverizações, resultando em:

  • Perda de 100% da produção da agricultura familiar.

  • Contaminação de igarapés, rios e poços usados para consumo.

  • Intoxicações em massa, com relatos de feridas, coceiras, vômitos e tonturas, afetando especialmente mulheres, crianças e idosos.

  • Adoecimento psíquico, com medo constante e ansiedade nas famílias.



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Comunidades Afetadas de janeiro a setembro de 2025:


  1. Açailândia: Assentamento Califórnia

  2. Afonso Cunha: Barracão, Olho D'Água do França

  3. Altamira do Maranhão: Caldeirão, Olho D’Água, São Raimundo

  4. Araguanã: Maratoyrenda (TI Alto Turiaçu)

  5. Bacabal: Barreirinhas, Catucá, Fundamento, Jardins, Piratininga, Santa Efigênia, Santa Maria, Santo Antônio, Seco das Mulatas, Sobradinho

  6. Brejo: Boca da Mata, Carrapatinho, Centro dos Netos, Criolis, Faveira, Gameleira, Guarimã, Ingá, Lagoa Seca, Macacos dos Vítos, Panela, Prata, São João dos Pilões, São José, São Raimundo, Tabocas, Várzea do Meio, Veado Branco, Vila das Almas

  7. Buriti: Araçá, Vila

  8. Centro do Guilherme: Inajaiatyrenda (TI Alto Turiaçu), Murutyrenda (TI Alto Turiaçu)

  9. Centro Novo do Maranhão: Gurupiuna (TI Alto Turiaçu)

  10. Duque Bacelar: Paisandu, Roça do Meio

  11. Esperantinópolis: Potó

  12. Imperatriz: Viva Deus

  13. Lago do Junco: Bairro Nova Brasília

  14. Magalhães de Almeida: Alto do Cedro, Entreladeiras, Férias, Lagoa do Bacuri, Oitis, Santa Maria, Vargem Grande

  15. Parnarama: Quilombo Cocalinho

  16. Pedro do Rosário: Quadra Trindade

  17. Peritoró: Feliz Alegria

  18. Santa Inês: Bom Jesus

  19. São Benedito do Rio Preto: Baixão dos Rochas, Baixinha, Baixinha dos Carneiros, Cancela, Capelão, Chororó, Macajuba, PA Vista Verde, Quebra Joelho, Santa Rosa, Santo Inácio

  20. São Francisco do Brejão: Centro do Robertão

  21. São Luís Gonzaga do Maranhão: Geré, Mata Burro

  22. São Mateus do Maranhão: Água Branca, Água Branca I, Água Branca II, Água Branca III, Água Branca IV, Água Branca V, Água Branca VI, Água Preta, Alto Grande, Andirobal, Curva, Dendê, Setor MA-01, Vila Nova

  23. São Raimundo do Doca Bezerra: Conrado, Monte Castelo, Três Rios

  24. Timbiras: Canapistola (Território Campestre), Jaibara, Mamorana, Morada Nova, Santa Vitória

  25. Timon: Boa Esperança

  26. Urbanos Santos: Cajazeiras, Serraria, Sítio do Meio, Surrão

  27. Viana: Aldeia Cajueiro, Aldeia Nova Vila, Aldeia Taquaritiua, Baía, Piraí, Vilinha


Direitos sendo violados repetidamente:


Os relatos das comunidades atingidas seguem uma mesma lógica de agressão:

  • Pulverização próxima ou diretamente sobre áreas habitadas;

  • Contaminação de fontes de água e alimentos produzidos pela agricultura familiar;

  • Intimidação de quem denuncia;

  • Silêncio ou conivência das autoridades.

 

Perda e prejuízos irreparáveis:

A pulverização aérea de agrotóxicos provoca danos profundos, muitas vezes irreversíveis:

  • Contaminação das águas: poços, cacimbões, igarapés e rios envenenados;

  • Envenenamento da comida: lavouras da agricultura familiar contaminadas;

  • Adoecimento físico e psicológico: além das intoxicações, o medo e o sofrimento mental crescem nas comunidades;

  • Prejuízos econômicos: destruição das roças, perda da produção e insegurança alimentar.

 

 

Agrotóxicos como arma química e ferramenta de expulsão:

O uso indiscriminado de agrotóxicos atinge a sociobiodiversidade, os modos de vida tradicionais e a permanência das comunidades em seus territórios. Moradores denunciam que os venenos são jogados diretamente sobre casas, roçados e até sobre as pessoas – transformando o agrotóxico em arma de guerra para forçar o êxodo rural e abrir caminho para o avanço do agronegócio.

  

Guerra química e desmatamento:

Essa violência se insere num plano maior de grilagem de terras, destruição dos biomas (Cerrado, Amazônia maranhense e Mata dos Cocais) e silenciamento das resistências.

  

Como denunciar:

Matemos um canal de escuta ativa para denúncias:

WhatsApp: (98) 98522-2988

Envie fotos, vídeos e relatos.

O anonimato é garantido.

 

 O Mapa:

O documento “Territórios Diretamente Vitimados por Agrotóxicos no Maranhão (Setembro de 2025)” é um alerta urgente sobre a guerra química no campo. Em resposta a essa realidade, é essencial fortalecer a organização comunitária, exigir políticas públicas que protegem as comunidades e ampliar as vozes das populações que denunciam esse modelo de morte.

  

A saída é a agroecologia: com justiça, com vida e sem veneno:

Diante da violência promovida pelo agronegócio – que devasta, envenena, desmata e expulsa – a agroecologia se apresenta como alternativa concreta, popular e ancestral de cuidado com a vida, com a terra e com as pessoas.


A agroecologia não apenas produz alimentos saudáveis, mas fortalece os laços comunitários, protege os territórios, valoriza o conhecimento das agricultoras e agricultores e respeita os ciclos da natureza. Ao contrário do modelo que impõe veneno e monocultura, ela promove soberania alimentar, justiça climática, resiliência frente às crises ambientais e permanência digna no território.

 

 

É com os pés no chão e as mãos na terra que as comunidades reafirmam: onde o veneno tenta matar, a agroecologia insiste em fazer viver.


Saiba mais sobre a campanha Chega de Agrotóxicos

 
 
 

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