RAMA e organizações aliadas repudiam tentativa de intimidação do SINDAG
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Atualizado: há 1 hora
A Rede de Agroecologia do Maranhão (RAMA) e mais de 40 organizações aliadas em todo o Brasil manifestam repúdio à ação de intimidação judicial movida pelo Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (SINDAG).
O SINDAG interpelou judicialmente a RAMA (Processo nº 0849426-18.2025.8.10.0001), em razão das publicações sobre a pesquisa “Territórios Vitimados Diretamente por Agrotóxicos no Maranhão”, que documenta casos graves de contaminação de comunidades rurais provocadas pela pulverização aérea de agrotóxicos por aviões e drones.
Essa ação busca silenciar e criminalizar organizações que lutam em defesa da saúde, meio ambiente e agroecologia. Ela ocorre em um momento crítico, de aumento alarmante dos casos de intoxicação de trabalhadores/as rurais, indígenas, quilombolas, quebradeiras de coco e agricultores/as familiares no Maranhão.
Essas violações já foram levadas pela RAMA a autoridades estaduais, federais, à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e à Organização das Nações Unidas (ONU), resultando em condenações históricas de empresas e fazendeiros por pulverizações criminosas.
Há 27 anos, a RAMA atua na defesa da vida, da Agroecologia e dos direitos dos povos e comunidades tradicionais, fortalecendo redes, construindo alternativas sustentáveis e denunciando as violações do agronegócio, mineração e outros empreendimentos predatórios.
Não aceitaremos silenciamento! Esta carta reafirma o compromisso coletivo com a luta por territórios livres de veneno, justiça socioambiental e soberania alimentar.
CARTA DE REPÚDIO
Rede de Agroecologia do Maranhão (RAMA) e Organizações Aliada repudiam ato de intimidação perpetrado pelo Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola – SINDAG.
A Rede de Agroecologia do Maranhão tomou conhecimento de que o SINDAG ingressou com uma interpelação judicial (Processo nº 0849426-18.2025.8.10.0001) motivada pelas publicações realizadas em nosso website, referentes à pesquisa intitulada “Territórios Vitimados Diretamente por Agrotóxicos no Maranhão”, que apresenta à sociedade em geral os casos de contaminação de comunidades rurais por agrotóxicos lançados por aviões/drones.
A interpelação visa intimidar um conjunto de organizações que têm em sua agenda a luta em defesa da saúde, do meio ambiente, da justiça socioambiental e da agroecologia. E ocorre num momento conjuntural de aumento significativo dos casos de intoxicações de trabalhadores/as rurais, indígenas, quilombolas, quebradeiras de coco e agricultores/as familiares no Estado do Maranhão. Casos estes denunciados pela RAMA a autoridades estaduais, federais e junto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos – CIDH e à Organização das Nações Unidas – ONU, e de condenações judiciais de empresas e fazendeiros que promoveram pulverização aérea de agrotóxicos sobre pessoas, gerando dor, danos e sofrimentos.
Nós, da Rede de Agroecologia do Maranhão (RAMA), ao longo dos 27 anos de existência, temos desempenhado diversas ações fundamentais para fortalecer a agroecologia, proteger comunidades tradicionais e construir um modelo de produção sustentável no estado. Somos referência na promoção da Política Estadual de Agroecologia e Produção Orgânica do Maranhão (Lei 10.986/2018), na defesa dos territórios tradicionais, denunciando os impactos do agronegócio, mineração, despejos forçados e outros ataques à sociobiodiversidade.
Lançamos, em 2023, a campanha “Chega de Agrotóxicos”, alertando para os danos da pulverização aérea, além de propor uma Lei de Iniciativa Popular sobre o tema. Emitimos carta aberta exigindo revisão do zoneamento ecológico do Bioma Amazônia no estado, criticando a falta de consulta às comunidades e os riscos à floresta.
Por meio do projeto “Agroecologia para Proteção das Florestas da Amazônia”, intensificamos a articulação entre comunidades tradicionais, promovendo intercâmbio, comunicação comunitária e incidência política pelo acesso a terras, recursos naturais e soberania alimentar. Participamos de processos formativos e fomentamos capacidades técnicas nos territórios, fortalecemos núcleos regionais de agroecologia, feiras agroecológicas com participação igualitária de gênero, e ações focadas nos grupos de mulheres, juventudes e comercialização.
Dentre tantas outras ações para promoção da agroecologia e para o fortalecimento da luta de povos e comunidades tradicionais no Maranhão, reiteramos que não nos curvaremos diante de tal intimidação — uma vã tentativa de silenciamento de entidades históricas do Maranhão que têm compromisso público com grupos sociais vulneráveis que denunciam e lutam por seus direitos à saúde e ao meio ambiente saudável.
São Luís, 09 de agosto de 2025.
Organizações abaixo relacionadas subscrevem a presente carta de repúdio:
Associação Comunitária de Educação em Saúde e Agricultura (Acesa)
Associação em Áreas de Assentamento do Estado do Maranhão (Assema)
Associação Agroecológica Tijupá
Associação Vencer Juntos em Economia Solidária (Avesol)
Associação da Casa Familiar Rural de Coquelandia - CFR Coquelandia
Associação dos Trabalhadores Rurais da Subárea Olaria da Gleba Veloso - Peritoró/MA
Associação Paraense de Apoio às Comunidades Carentes - APACC
Associação Maranhense para a Conservação da Natureza – AMAVIDA
Articulação Nacional de Agroecologia - ANA
Articulação de Agroecologia da Amazônia – ANA AMAZÔNIA
Articulação Tocantinense de Agroecologia - ATA
Instituto de Mulheres Negras do Amapá - IMENA
Rede de Economia Circular e Agroecologia de Boa Vista – RECA-BV
Articulação do Semiárido Maranhão – ASA-MA
Articulação Nacional Agro É Fogo
Campanha Nacional em Defesa do Cerrado
Centro de Defesa em Promoção dos Direitos da Cidadania
Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil - NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL - CNBB Regional Nordeste 5
Coletivo Maparajuba Direitos Humanos na Amazônia
Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pindaré - CBH Pindaré
Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida
Cooperativa dos Pequenos Produtores Agroextrativistas de Esperantinópolis – LTDA (COOPAESP)
Coletivo de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Maranhão - CMTR/MA
Conselho Indigenista Missionário (CIMI)
Comissão Pastoral da Terra (CPT/MA)
Conselho Pastoral dos Pescadores e Pescadoras - CPP Nacional
Conselho Pastoral dos Pescadores e Pescadoras - CPP Regional Maranhão
Escola Família Agrícola Agostinho Romão da Silva
Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras do Estado do Maranhão (FETAEMA)
Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil - FEAB
Fórum Maranhense de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos
GT de Agrotóxicos da Fiocruz
Instituto Sociedade, População e Natureza – ISPN
Instituto de Representação Coordenação e Assessoria das Associações das Casas Familiares Rurais no Maranhão (IRCOA)
Instituto Zé Claudio e Maria
Licenciatura em Educação do Campo - LEDOC/UFMA
Laboratório de Extensão, Pesquisa e Ensino em Geografia - UFMA
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST
Núcleo de Estudos em Agroecologia do IFMA Campus São Luís Monte Castelo
Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA
Nea Mearim
Núcleo JUREMA/UFRPE
Participatório da Vigilância Popular em Saúde Alternativa da Fiocruz - Ceará
Rede Interseccional de Saúde do Reprodutiva e Agrotóxicos
Rede Maniva de Agroecologia – REMA
Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental - SARES
Sociedade Maranhense de Direitos Humanos - SMDH
Terra de Direitos
União das Associações das Escolas Famílias Agrícolas do Maranhão – UAEFAMA
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